Crítica: 3×02 de New Amsterdam abordou mais temas importantes

Crítica do segundo episódio da terceira temporada de New Amsterdam, intulado Essential Workers, exibido nos EUA pela NBC.

Crítica New Amsterdam 3x02

New Amsterdam retoma temas importantes em “Trabalhadores Essenciais”

Dando continuidade à excelente abertura da terceira temporada, New Amsterdam retomou tramas das temporadas anteriores em “Trabalhadores Essenciais”. Aliando tramas de caráter mais crítico às construções de personagens, o episódio conseguiu levar a narrativa geral da série um passo adiante.

Embora a situação crítica de Kapoor tenha sido o núcleo narrativo, foram os detalhes explorados em diálogos e imagens que concentraram a emoção do episódio. Similarmente à abertura da temporada, “Trabalhadores Essenciais” – como o título indica – nos trouxe um olhar cuidadoso sobre os impactos da pandemia aos profissionais de saúde.

Retorno de Floyd e a culpa pela ausência

A cena de abertura do episódio nos coloca seguindo a visão de Floyd Reynolds. Ele, no táxi, a caminho do hospital. De saída, a sequência pela cidade de Nova York deixa claro as marcas da pandemia no cotidiano.

Seja pelas pessoas andando de máscara na rua, seja pela pequena circulação delas em uma das cidades mais movimentadas do mundo, vemos que o mundo não é mais o mesmo. Sem dúvidas, esse é o ponto mais enfatizado pelos personagens ao longo do episódio. E, sobretudo, é o foco da narrativa em torno de Reynolds.

Seu retorno, com o objetivo de realizar uma complexa e arriscada cirurgia em Kapoor, trouxe ao personagem questões mal resolvidas. Por um lado, a culpa por não estar presente no hospital durante a pandemia. Por outro, a percepção de que a instituição onde trabalhava já não é a mesma, em vários sentidos.

Particularmente, achei tocante o diálogo em que Floyd pergunta a Max por um enfermeiro de quem sente falta. E então, ele recebe a notícia de sua morte. “Tudo mudou” é o que o diretor médico do hospital fala para o cardiologista. Ainda assim, o retorno de Reynolds, fundamental para a trama, parece ter ainda de lidar com certos desencaixes do personagem. Quem sabe, desta vez, sua trama flui melhor no conjunto narrativo.

Imagem: Divulgação.

“Trabalhadores essenciais” reuniu duas tramas importantes e interessantes da temporada passada

De um lado, os transtornos alimentares de Iggy Frome e sua relação nociva com o próprio corpo. Do outro, Lauren Bloom e seu vício em medicamentos estimulantes. Tal tema a série já explorou no passado, inclusive, com o próprio Iggy.

Desta vez, entretanto, os papéis foram invertidos. E Bloom, alertada por Gladys, encontrou Frome passando mal por estar há dias sem comer. A partir daí, diálogos pesados, mas bem-organizados, entre os dois se sucedem. Iggy ganhou mais uma camada, explorando os abusos psicológicos do pai em relação ao peso e ao corpo do terapeuta.

O diálogo com Bloom, além de inverter o papel da terapia, colocou em tensão as consequências do transtorno alimentar de Iggy e do vício de Lauren. O primeiro foi questionado sobre o impacto sobre as filhas, enquanto a segunda foi relembrada do risco que ela causava aos pacientes do hospital.

Foi interessante ver a inversão de papéis entre os dois. Não somente por dar maior profundidade a Iggy, mas também por criar uma relação mais orgânica entre os dois. New Amsterdam, normalmente, aposta em criar emoções em suas cenas e tramas. Mas também tem melhorado o desenvolvimento das personagens. Então, isso será fundamental para que a série tenha longevidade.

As consequências das ações de Max

Outro aspecto interessante do episódio foi o retorno de personagens coadjuvantes. Por exemplo, Karen, a diretora administrativa e chefe de Max, voltou a participar da série, com um papel bastante importante: discutir as consequências dos atos do protagonista. Se, no episódio de abertura, Max percebeu que é necessário construir um novo sistema, em “Trabalhadores Essenciais”, ele lembrou de que as ações tomadas por ele anteriormente também trazem efeitos negativos.

Especificamente, o episódio explorou uma política estabelecida por Max para reduzir a distribuição e uso de opiáceos (drogas para dor com alto potencial viciante) por pacientes. A própria vinheta de abertura lembrou essa decisão na temporada anterior. Porém, após um funcionário do hospital roubar Oxicodona para sua mãe, que sofre com câncer, nosso protagonista precisou rever suas posições.

Um aspecto essencial do episódio foi mostrar que algumas decisões de Max são imprudentes, apesar de bem-intencionadas. Isso é muito importante, se levarmos em conta algumas tramas absurdas que aconteceram nas temporadas anteriores e que passavam como um caso da semana. Agora, poderemos ver um personagem mais ponderado, apesar de manter o espírito de mudança, e ações com mais consequências.

Certamente, essa virada pode ajudar muito na construção do personagem e, consequentemente, na condução de toda a trama da série

Em quase dois episódios inteiros de New Amsterdam, não ouvimos a voz do querido dr. Kapoor. O suspense de “Trabalhadores Essenciais” quanto à condição do neurologista foi carregado até o final, mas quase sem explorar o próprio personagem. De fato, o foco do episódio foi o parto antecipado de Ella, personagem com quem Kapoor tem relação mais próxima.

Todo o processo do parto, com as complicações referentes ao transtorno obsessivo compulsivo de Ella, e os diálogos com Helen Sharpe foram bem conduzidos pelo roteiro. A presença de Ella nos lembrou da importância de Kapoor para a história, além de se conectar à trama particular de Helen e de seus traumas consequentes da pandemia.

Imagem: Divulgação.

A princípio, o suspense quanto à sobrevivência de Kapoor parecia algo mais trivial em séries médicas. Porém, a inclusão de um curto diálogo entre o médico e a falecida esposa teve papel fundamental, bem como diferenciador.

Além de trazer a clássica ideia da motivação de sobrevivência de um personagem, serviu para dar algo próximo a um fechamento de Kapoor em relação à perda da esposa. Da mesma forma, foi emocionante sem ser pretensioso.

Resumindo

Com mais um episódio bem construído, com ótimo ritmo e roteiro, New Amsterdam mantém a alta qualidade nesse começo de temporada. Mantendo sua narrativa dinâmica, a série mantém em vista a construção de seus personagens e os temas sociais relevantes.

A cena final, com Floyd e Lauren sentados em frente a um mural de homenagem aos profissionais de saúde que morreram de C0vid-19, foi uma boa lembrança das dificuldades vividas por todos os trabalhadores e trabalhadoras essenciais durante a pandemia.

E então, o que você achou do episódio? Deixe nos comentários e, igualmente, acompanhe as novidades do Mix de Séries.

 

Sobre o autor
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Luiz Alves

Historiador, pesquisador em saúde, fã de histórias em quadrinhos e jogador de RPG de longa data. Adoro sitcoms de Seinfeld a Brooklyn Nine-Nine, cresci vendo dramas como House, e me apaixonei pelo suspense de Hannibal e a fantasia de Penny Dreadful. Escrevo no Mix desde 2017, fazendo reviews de séries baseadas em quadrinhos, dramas e outras por aí. Atualmente, faço as reviews de New Amsterdam.

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