Crítica: A Lista Terminal é uma série de ação que segue as regras do gênero
Crítica da primeira temporada da série de ação A Lista Terminal, do Amazon Prime Video estrelada pelo ator Chris Pratt.
A Lista Terminal é a nova série do Amazon estrelada pelo popular e carismático ator Chris Pratt e marca seu retorno à televisão após se dedicar aos blockbusters (Guardiões da Galáxia e Jurassic World). Seguindo a recente tendência de adaptações de séries literárias do gênero militar como Jack Ryan e Reacher, a plataforma de streaming aposta em um novo exemplar para seu catálogo. A trama tem base na obra homônima de Jack Carr que é um ex-fuzileiro naval e já lançou cinco livros.
A produção segue a história do ex-fuzileiro naval James Reece (Chris Pratt), cujo pelotão de Navy Seals foi emboscado durante uma missão secreta na Síria. Emocionalmente abalado, ele retorna para casa e logo descobre novas evidências sobre a missão e com isso uma conspiração que pode colocar sua vida e sua família em perigo. Enquanto James Reece avança em sua investigação particular e em sua paranoia, precisa lidar com o trauma, alucinações e memórias conflitantes. A situação se torna mais grave após uma tragédia ainda mais pessoal.
Conspiração, intrigas e traições
Diante de uma grande conspiração que vai além das forças militares, Reece cria sua lista de responsáveis e cúmplices pelos eventos que o atingiram. Assim, segue de forma implacável eliminando seus alvos sem se importar com quantas vidas inocentes poderão ser afetadas no processo. Uma máquina de matar. Não demora muito para Reece ganhar o status de terrorista doméstico se tornando o homem mais procurado da América.
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Em sua missão pessoal, Reece recebe ajuda do amigo e ex-Seal (Taylor Kitsch) que parece possuir uma fonte inesgotável de recursos. A trama ganha tons de thriller político quando a jornalista investigativa Katie (Constance Wu) se torna uma aliada. Ainda que questione os métodos de Reece. Ela se mostra interessada em revelar a verdade ao mundo sobre a conspiração a qual Reece está envolvido.
O que é isso, um filme?
Enquanto isso, a nova produção da Amazon Studios não segue um formato tradicional de série de TV. A sensação é que o público está assistindo uma coleção de oito filmes de 1h de duração. A qualidade cinematográfica, as cenas de combate e a escalação do elenco reforçam essa ideia. Isso de certa forma incomoda a experiência que em certos momentos se torna arrastada. A Lista Terminal conta uma história familiar, sobre um militar vingativo em busca dos responsáveis por um evento trágico de sua vida.
James Reece é um típico personagem de histórias de ação, cheio de camadas, traumas e complexidades. A paranóia coloca o personagem em um terreno nebuloso. Mas Chris Pratt não atinge a profundidade que seu personagem exige. Contudo, podemos dizer que este é o trabalho mais maduro do ator. Ele parece comprometido com o trabalho e com a oportunidade de entregar algo novo para o público. Infelizmente o roteiro proporciona ainda que de forma involuntária, alguns alívios cômicos trazendo de volta o bom e velho Pratt.
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E mesmo com tantas horas de conteúdo, Reece não parece ter tempo pra encarar e viver o luto. O personagem vira a chave para o modo vingativo de forma automática. Subtramas vão surgindo ao longo do caminho para justificar e desenvolver os personagens centrais. O personagem caricato Steve Horn (Jai Courtney) surge com potencial de um grande vilão, mas é desperdiçado. A preocupação em preencher o tempo torna a série maçante, e então, entregando um thriller de ação genérico com algumas reviravoltas previsíveis.
Vale a pena assistir A Lista Terminal?
Com nível de produção cinematográfica, sem dúvidas a série acerta ao entregar tudo que seu público alvo gosta de ver. Apesar de ser um pouco arrastado em alguns momentos, quando o roteiro entra no modo ação é eletrizante. Com classificação indicativa de 16 anos, a produção utiliza muita violência gráfica, com cenas de confrontos e ação intensas. Algumas execuções são bem realistas e às vezes gratuitas. Apesar dos clichês de histórias do gênero, une bem elementos de ação e suspense.
Algumas produções pecam por não ter tempo suficiente para desenvolver sua trama e seus personagens. A Lista Terminal, então, segue o movimento inverso. Com tanto tempo disponível para contar sua história, o roteiro expõe suas rachaduras. Com pequenas falhas de execução em evidência, portanto, fica claro que o formato de série tornou a produção um tanto quanto cansativa. Aqui temos a clássica saga de vingança de um herói imperfeito que joga pelas regras básicas do gênero thriller. Certamente um filme de duas horas seria o bastante para contar essa história com ritmo eletrizante dando mais peso ao drama.
Uma tradicional saga de vingança
Thriller de vingança já foi produzido aos montes, a própria Marvel tem seu exemplar, Frank Castle (O Justiceiro). Um protagonista quebrado com desejo de vingança cujo objetivo se torna cada vez mais sombrio e profundo. Pavimentando seu caminho com mortes e, da mesma forma, muito sangue. Apesar de entregar boas cenas de ação crua e brutal, no entanto, ela repete a fórmula do gênero. E dessa forma, infelizmente, não foge do tradicional e não abraça o novo.
Portanto, a série encerra seu arco narrativo, mas abre possibilidades para o futuro de James Reece com um final aberto e sugestivo. Resta saber se a aceitação do público vai garantir mais uma missão para o ex-fuzileiro naval. Pra você que aguarda novas temporadas de Jack Ryan e Reacher e não se importa com produções genéricas, definitivamente, A Lista Terminal é uma boa opção para você.
Nota: 3.5/5