Crítica: Desalma, é aposta do Globoplay em terror introspectivo e de visual arrojado

Desalma, nova série de terror da Globo, aposta em atmosfera densa para contar história com rituais pagãos e mortes misteriosas.

Desalma

Desalma, do Globoplay, aposta em terror introspectivo, lendas, bruxas e visual cinematográfico 

Na esteira dos filmes é séries de terror, cada país tem uma parte para chamar de sua. O Brasil, embora o grande público não perceba, tem forte vertente no gênero. O Zé do Caixão pode ser um dos maiores e mais antigos expoentes, tendo reconhecimento mundial, mas outros outros nomes também se destacam no cenário. Filmes recentes como As Boas Maneiras ou O Animal Cordial mostram uma interessante vocação dos artistas nacionais para o gênero mais assustador do audiovisual. Desalma, nova série do Globoplay, é uma nova experimentação nesse espaço.

A Globo, que não é iniciante no mundo das séries, já brincou com terror em SupermaxA atração, que tinha Cleo Pires e Mariana Ximenes no elenco, agradava, apesar de alguns deslizes. Era uma mistura de ação, suspense e terror que divertia e envolvia do início ao fim. Percebia-se um interesse do canal em dar um passo adiante em produções de gênero, com fortes inspirações estrangeiras. Desalma, que estreia no mês do Halloween, é mais uma aproximação rumo à experimentação. Agora, ao invés da violência do slasher, temos a introspecção do horror moderno, que vem entregando grande obras nos últimos anos.

Influências são claras em trama que brinca com rituais pagãos e mortes misteriosas

As influência são claras. A equipe cita Ingmar Bergman, mas algumas inspirações são bem mais recentes. Inclua na mistura A Bruxa, de Robert Eggers, Dark, da Netflix, Os Outros, de Alejandro Amenábar e mais o interesse cada vez maior por rituais pagãos e coroas de flores. Com tudo isso na mistura, percebe-se que Desalma tenta uma abordagem diferente daquilo que é visto comumente na televisão aberta brasileira. Temos, aqui, uma interessante confiança no espectador brasileiro, já cansado do mesmo tipo de narrativa e visual. Ao estabelecer um ritmo mais ameno, fotografia “dessaturada” e silêncios constante, o projeto propõe uma nova experiência às audiências nacionais.

Na trama, filmada em grande parte no sul do Brasil, vemos uma família se mudar para uma comunidade interiorana depois que o patriarca morre no local. Lá, encontram parentes do homem e alguns rostos misteriosos, como o da bruxa Haia (Cássia Kis). A cidade de Brígida ensaia a volta de uma tradicional festa eslava, a Ivana Kupala. O problema é que o festival de origens pagãs foi suspenso da comunidade depois da morte de uma jovem em 1988. Hoje, enquanto a população organiza o retorno, novos mistérios e acontecimentos surgem sob o céu cinzento de Brígida.

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Imagem: Divulgação

Elenco feminino se destaca em piloto que deixa gostinho de “quero mais”

Desalma capricha no visual e estabelece suas três protagonistas de forma rápida e clara. Falta ao piloto, entretanto, uma abordagem mais completiva. Embora o primeiro episódio de uma série seja apenas a introdução de uma longa narrativa, é preciso ter uma experiência minimamente amarrada para que o público consiga estabelecer uma relação com os personagens e a trama. Ao terminar o primeiro capítulo, a sensação é a de que faltou muita coisa para ser dita e mostrada. Este sentimento não é totalmente ruim, pois deixa o público curioso e querendo retornar para os próximos episódios.

Na linha de frente do elenco temos Cássia Kis, no papel da bruxa Haia, Cláudia Abreu, como Ignes, e Maria Ribeiro como a forasteira Giovana. É ela, inclusive, que promete funcionar como guia do público no universo sombrio da história. Vinda de fora, Giovana não conhece a morbidez e os mistérios de Brígida. Diferente de Ignes, que passa seus anos na cidadezinha, enquanto acompanha estranhos acontecimentos ao seu redor. É Cássia Kis, entretanto, que tem o papel mais desafiador: Haia promete levantar muitas dúvidas: seria a bruxa má ou boazinha. Qual o seu papel na sobrenaturalidade de Brígida?

Esperava sustos, recebeu atmosfera densa. Ponto para Desalma.

Desalma, portanto, não é uma série de sustos, mas de atmosfera. Não espere jump scares ou acordes altíssimos da trilha, mas sim uma constante aura de tensão, perigo e mistério. Brígida é sufocante, e os belos trabalhos de câmera, fotografia e direção de arte estabelecem o aprisionamento com exatidão. Todo o capricho parece ter funcionado: Desalma promete conquistar seu público; prova disso é uma segunda temporada já confirmada.

Desalma estreia em 22 de outubro, na Globo e no Globoplay.

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Sobre o autor
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Matheus Pereira

Jornalista, curioso e viciado em cultura. Escreve há quase 10 anos no Mix e Six Feet Under é sua série favorita.

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