Crítica: Falcão e o Soldado Invernal tem estreia sólida e empolgante

Falcão e o Soldado Invernal estreia com boa mistura de drama e ação. Com bons novos vilões, série tem futuro promissor na Disney Plus.

Falcão e o Soldado Invernal

Falcão e o Soldado Invernal mistura drama pessoal com ótimas cenas de ação

É interessante ver os heróis da Marvel em uma série de TV. Como é de se esperar, personagens ganham profundidade e sentido em um formato maior como o televisivo. Desperta curiosidade, portanto, que estes seres, maiores que a vida, ganhem contornos ordinários através de um desenvolvimento lento. Não que o Falcão e o Soldado Invernal tivessem a mesma estatura de um Thor ou Capitão América, por exemplo, mas não deixa de ser válido acompanhar as implicações que uma vida de super tem no cotidiano banal de um homem.

Pois se Falcão e o Soldado Invernal acerta, é por revelar seus protagonista sob um véu de realidade pouco visto nas superproduções cinematográficas. E a simplicidade não os afasta nem os torna menos interessantes se comparados aos parceiros Vingadores. Ao contrário: Sam e Bucky revelam-se homens de bom coração e interessantes o suficiente para sustentar uma série inteira.

Não é gratuito, por exemplo, que a primeira cena do piloto traga o Falcão passando roupas. Desde o primeiro segundo, portanto, fica evidente a intenção do projeto. Isso não quer dizer que a ação fique de fora ou seja menos intensa ou bem feita. Logo nos primeiros minutos, somos apresentados a uma intensa sequência de resgate, que traz o Falcão voando ao lado de aviões, enquanto soldados em terra estabelecem a antecipação de perigos maiores. Aqui é possível ter certeza de que os efeitos visuais serão competentes e a ação bem orquestrada.

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Série não fica devendo aos títulos cinematográficos

A direção de Kari Skogland, aliás, merece sólidos elogios. Demonstrando um controle de ação ainda melhor que o de Matt Shackman em WandaVisionSkogland também não vacila nos momentos mais introspectivos.

Desta forma, é possível afirmar que a diretora bebe na fonte de Capitão América: O Soldado Invernal, filme dos Irmãos Russo que é consideravelmente mais “pé no chão” e experimental do que os demais. Com câmera sempre ágil, a diretora filma um diálogo com o mesmo dinamismo de um confronto físico ou perseguição.

Além disso, a cineasta não tem medo de explorar closes que escancaram as dores dos personagens, impressas em rugas e expressões cansadas. Bucky, por exemplo, surge como um homem arrependido, doído e fatigado. Sentimos nele uma dor que pouco vimos em Steve Rogers. Em Bucky, o peso do tempo parece muito pior e agressivo.

Assim, usar luvas pretas sempre que está em público já parece um costume estabelecido. Flertar com uma moça já parece cansativo demais para quem já viu tanto e tem praticamente nada.

Falcão e o Soldado Invernal explora o mundo pós-Ultimato

A vida de Sam, o Falcão, não vai muito melhor. Depois de ter ficado cinco anos apagado do mundo, depois do estalo de dedos de Thanos, Sam encontra um mundo ainda mais difícil. Sem ter renda estabelecida durante o tempo todo em que esteve “morto”, o sujeito não consegue empréstimos ou autorizações do banco. É interessante, aliás, que a série explore esse mundo pós-retorno. Depois de cinco anos de um planeta com bem menos pessoas, é de se esperar uma espécie de colapso quando os milhões desaparecidos retornam de repente. Não há recursos e praticamente não há espaço para o retorno de tanta gente.

É esperado, portanto, que a série aborde a questão do “homem em comum sob condições extraordinárias”. Neste sentido, o piloto faz um ótimo trabalho ao preparar o cenário para os episódios seguintes (serão seis no total). Além dos dois protagonistas, o roteiro encontra espaço para desenvolver coadjuvantes e estabelecer, pelo menos, duas ameaças. E o melhor: as duas parecem promissoras. Além do grupo mascarado, o novo Capitão visto nos minutos finais promete ser um dos pilares desta primeira temporada.

Novos antagonistas prometem altas confusões para esta dupla do barulho

John Walker, o Agente Americano (também conhecido como Superpatriota), é quem veste o novo uniforme. Nacionalista, o personagem tem uma abordagem violenta e extrema, sendo mais perigoso do que salvador. Mas o que poderíamos esperar de alguém que se chama Superpatriota?

O personagem, além de trazer importantes discussões acerca de ufanismo, armas e métodos de investigação, tortura e ação, deve, também, representar uma dura crise de consciência e identidade em Sam, que não assumiu o manto de Capitão, cedido pelo próprio Steve Rogers.

Falcão e o Soldado Invernal, enfim, tem potencial para se tornar mais um sucesso da Marvel e do Disney Plus. Tendo uma estreia mais sólida e interessante que a de WandaVision, o show de Sam e Bucky promete investir nos dramas pessoais de seus protagonistas, enquanto costura tudo com cenas de ação bem orquestradas. Pelo que podemos ver na primeira hora da temporada, os próximos cinco capítulos prometem ser empolgantes.

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Sobre o autor

Matheus Pereira

Coordenação editorial

Matheus Pereira é Jornalista e mora em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Depois de quase seguir carreira na Arquitetura, enveredou para o campo da Comunicação, pelo qual sempre nutriu grande paixão. Escritor assíduo na época dos blogs, Matheus desenvolveu seus textos e conhecimentos em Cinema e TV numa experiência que já soma quase 15 anos. Destes, quase dez são dedicados ao Mix de Séries. No Mix, onde é redator desde 2014, já escreveu inúmeras resenhas, notícias, criou e desenvolveu colunas e aperfeiçoou seus conhecimentos televisivos. Sempre versando pelo senso crítico e pela riqueza da informação, já cobriu eventos, acompanha premiações, as notícias mais quentes e joga luz em nomes e produções que muitas vezes estão fora dos grandes holofotes. Além disso, trabalha há mais de dez anos no campo da comunicação e marketing educacional, sendo assessor de imprensa e publicidade em grandes escolas e instituições de ensino. Assim, se divide entre dois pilares que representam a sua carreira: de um lado, a educação; de outro, as séries de TV e o Cinema.