Gavião Arqueiro tem começo agitado e coerente
Review dos dois primeiros episódios de Gavião Arqueiro: série da Marvel começou com tudo e tem boas perspectivas para a temporada.
Desde sua introdução no Universo Cinematográfico da Marvel, Clint Barton foi um personagem subutilizado. Aparecendo pela primeira vez em Thor (2011), o personagem integrou o grupo mais poderoso daquele mundo e, mesmo assim, nada. Atualmente, aliás, todos os vingadores originais têm filme próprio (contando com O Incrível Hulk, de 2008). Assim, muitos podem ter questionado: e o Gavião Arqueiro?
Foi elevado à categoria de injustiçado, eu diria. Algo que a própria série brinca. O personagem tem um problema de carisma por sua construção como descolado introspectivo. Talvez nunca fosse render o suficiente para um filme próprio. Na esteira dos lançamentos para o Disney+, o personagem finalmente ganhou uma obra própria. Seguindo a lógica das outras séries da Marvel no streaming, é melhor entender o produto como um filme gigante dividido em vários episódios. Mesmo assim, vale salientar, o problema de carisma ainda existe e um reforço de peso vem para sanar a questão: Kate Bishop.
Padrão Marvel de qualidade
Os primeiros quinze minutos de Gavião Arqueiro é uma aula de como expandir um universo sem exageros. Quase como um gênesis no Universo Marvel, a Batalha de Nova Iorque é um ponto forte de ligação entre vários personagens e tramas. Ao ser mencionada novamente aqui, cria automaticamente um peso e ligação com a personagem Kate Bishop, que parece estar nesse universo compartilhado há anos. Assim sendo, detalhes como um musical sobre o Capitão América, mostrando as repercussões dos filmes além do óbvio, adicionam a essa boa sensação de expansão bem feita.
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Não sem propósito, o primeiro episódio foca em Kate, mesmo a série se chamando Gavião Arqueiro. O problema de carisma do Clint é real, mesmo que tenha uma boa base de fãs que desejam ver mais do personagem. Sozinho, o personagem não conseguiria “engajar” o suficiente, se mantendo fiel à personalidade já estabelecida para o mesmo. Dessa forma, Kate funciona como uma visão mais imatura, que vai aprender ao longo da trama, e quebra de tensão que Barton tanto precisa.
Quem é Clint Barton?
Ao tomar a consciente decisão de transferir a parte cômica e atrapalhada, “necessária” numa obra da Marvel, para Kate, Clint manteve-se fiel a si próprio. Sua construção como um homem de família, com suas dores e angústias foi pontual. Detalhes importantes do seu personagem, como seu problema auditivo, também estão presentes aqui. Numa piada durante o segundo episódio, Kate diz que Barton tem uma dificuldade em “vender sua marca”. Faz sentido! O que acompanhamos é sempre um homem com dificuldade de se vender para a mídia, apenas por fazer seu trabalho: salvar o mundo.
Além disso, a personalidade do personagem difere do sarcasmo debochado de Tony Stark ou do humor britânico do Loki de Tom Hiddleston. Sua construção é digna de um personagem que espera há 10 pelo seu momento de brilhar. À sua maneira, contudo.
Vilanias e muita luta… Poucas flechas
Os primeiros dois episódios de Gavião Arqueiro foram marcados pela construção cuidadosa dos seus protagonistas. Assim, a ação poderia ter sido mais frequente. Tanto é que a série se segura para não apresentar (abertamente) uma figura de vilão. Pelo menos, até os momentos finais do segundo capítulo. Por isso, o melhor é seguir como a Marvel parece sugerir e assistir os dois episódios de uma vez, assim como um filme. Fazem mais sentido e empolgam muito mais juntos do que separados.
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Acima de tudo, as cenas de ação são bonitas e quase nada poluídas de efeitos, trazendo a vibe bem mais urbana, como a série pretende. Dessa forma, Gavião é também o retorno da Marvel às ruas de uma NY criminosa desde as séries originais (e esquecidas) da Netflix. Ironicamente, poucas cenas de ação com flechas estão presentes nesses episódios iniciais.
Cenas dos próximos capítulos
Gavião Arqueiro, portanto, é a chance Clint Barton de chegar a seu sucesso, finalmente. Saindo daquele herói que todo mundo conhece, mas ninguém consome, o personagem pode ter encontrado seu estilo. Por não ter poderes especiais, o personagem serve para a Marvel apresentar um produto mais “real” e pé no chão, diferente dos mundos exibidos em WandaVision e Loki, por exemplo. A parte mais ficcional, por enquanto, segue sendo uma criança que tem o Gavião Arqueiro como vingador favorito, como a Kate. Brincadeiras à parte, o personagem merece!
Misturando os estilos de suspense e ação, com um toque de mistério e várias pinceladas de relação mestre/aprendiz, Hawkeye vem para fechar bem o ano de séries da Marvel.
A série ainda tem muito para apresentar e revelar alguns mistérios meio óbvios, como a função do suspeito personagem de Tony Dalton. Ficaremos atentos para os próximos passos dos personagens, eles merecem!
Nota: 4/5