Crítica: 3ª temporada de The Boys está mais insana do que nunca

Louca, violenta e sensível são alguns dos adjetivos da 3ª temporada de The Boys. Série retorna para mais um ano na Prime Video.

The Boys

The Boys parece ter achado uma ótima área cinzenta para agir. A série da Prime Video goza de uma condição única: agrada os que não aguentam mais filmes e séries de heróis, mas também diverte quem busca mais histórias de superpoderosos. Chegando em sua terceira temporada, The Boys tem material de sobra para continuar tirando sarro de uma indústria que já demonstra sinais de fraqueza. O próprio debate acerca da qualidade destes produtos vira motivo de piada logo nos primeiros capítulos do novo ano.

E ninguém fica de fora. Da Marvel até a DC, passando por todos os personagens menores e ordinários, todos são alvos do programa. Assim, embora algumas piadas sejam óbvias ou explícitas (como o cineasta que agradece aos fãs pela campanha pedindo o lançamento de uma reedição de seu filme), o fato é que as brincadeiras funcionam. Elas encontram respaldo no público em grande parte por estarmos vivendo este fenômeno cultural agora mesmo.

Para quem acompanha os altos e baixos da indústria, o jogo ainda é mais divertido, pois o roteiro atira pequenos detalhes que enriquecem a experiência.

The Boys se mostra atenta e sensível à realidade

Assim, The Boys se revela atenta a qualquer tipo de assunto. Desde os mais sérios até os mais estapafúrdios. Logo no primeiro episódio, por exemplo, somos apresentados a uma das sequências mais grotescas e absurdas da história da televisão, pois o momento é claramente inspirado e catalisado por uma piada na internet envolvendo o Homem-Formiga e o vilão Thanos.

A grande diferença é que The Boys leva tudo ao extremo, sendo muito mais insano que Deadpool, por exemplo. O desbocado herói da Marvel, aliás, parece um tolo e inocente garotinho perto dos personagens e situações de The Boys.

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Nestes três primeiros episódios, a série quase se perde em piadas, referências e violência gratuitas. Felizmente, ainda há espaço para o drama, e o programa jamais perde a sensibilidade. Parece impossível, aliás, que uma série como The Boys encontre espaço para algo “sensível”, mas a verdade é que a série sempre esteve atenta ao seu entorno e aos contextos sociais e políticos.

Assim, o Capitão Pátria ganha ainda mais espaço na trama, simplesmente porque ele é o tipo de gente que tem ganhado a mídia e as ruas nos últimos anos. Desta forma, ao vermos elaborar um discurso de ódio em uma transmissão ao vivo, sabemos o resultado imediato: ele irá viralizar e fazer sucessos entre um público específico.

Elenco se destaca em temporada disposta a tudo

E um dos grandes valores de The Boys é justamente a coragem em apontar dedos e ridicularizar situações. Assim, embora use a abuse da violência, o roteiro e a direção sempre questionam o valor e a necessidade das medidas extremas. Desta forma, ao trazer os “mocinhos” tendo superpoderes, mergulhamos em alguns questionamentos válidos acerca da nossa posição e nossas ações no mundo. Afinal, o que faríamos se tivéssemos poder e controle nas mãos?

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Karl Urban, um ator geralmente subestimado, consegue desenvolver ainda mais seu personagem, trazendo novas camadas a um sujeito que facilmente teria a profundidade de um pires. Antony Starr é outro que se destaca como Capitão Pátria, e sua psicopatia fica evidente a cada olhar ou inflexão na voz.

Com o último destaque da série no Emmy, não seria ilógico ver o ator entre os indicados da edição de 2023. Assim, as interações entre Starr e Erin Moriarty são as mais tensas e interessantes, pois trazem duas visões antagônicas de mundo.

Caprichando nos efeitos visuais, melhores e mais limpos que antes, a terceira temporada de The Boys chega disposta a tudo, sem medo de nada. Resta saber onde os limites estarão, para que a série não vire um deboche de si mesma.

Nota: 3,5/5

Sobre o autor
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Matheus Pereira

Jornalista, curioso e viciado em cultura. Escreve há quase 10 anos no Mix e Six Feet Under é sua série favorita.

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