Crítica: Everything’s Gonna Be Okay prova o talento de Josh Thomas em texto humorado

Crítica do primeiro episódio da série Everything’s Gonna Be Okay, do criador Josh Thomas e exibida nos Estados Unidos pelo canal Freeform.

Everything’s Gonna Be Okay Crítica
Imagem: Divulgação

Everything’s Gonna Be Okay conta com crônicas do cotidiano, guiadas com afeto

Drama e comédia podem atingir níveis de complexidade grandiosos quando estão em boas mãos. Basta olhar o amontoado de filmes e séries de televisão que os utilizam, das mais diversas formas, para falar sobre a vida. 

Phoebe Waller Bridge, a engenhosa atriz e escritora britânica que nos presenteou, em 2019, com a 2ª temporada de Fleabag – talvez o exemplo mais adequado –  sabe bem como unir essas duas ferramentas poderosas de contar histórias. E é importante considerar esse feito recente porque a artista, provavelmente, vai inspirar dezenas de outros prodígios que certamente beberão de sua fonte inesgotável de criatividade e genialidade. Ainda é muito cedo para dizer se existe algum alento de Josh Thomas em Bridge, mas o autor deve, ainda assim, ser observado com mais entusiasmo e popularidade. 

Criador e protagonista do drama cômico Please Like Me (2013 – 2017), disponível na Netflix, Josh Thomas se empenha para trazer crônicas da vida humana à televisão. Sempre de forma otimista e inteligente, o seu texto, na maioria das vezes, atinge uma verossimilhança engraçada e comovente. Lá, em Please Like Me, a história era sobre um garoto explorando as recentes descobertas sobre a sua sexualidade. Enquanto isso, tinha que lidar com uma problemática família e a vida que administrava morando com seu melhor amigo, Tom.

Hoje, ao liderar a produção do Freeform, Everything’s Gonna be Okay, Thomas continua relatando o cotidiano de forma naturalista. No entanto, faz isso com uma roupagem que explora ainda mais o seu talento para dramédia. 

Com muito cuidado, tudo vai ficar bem!

Em Everything’s Gonna be Okay, Josh Thomas encarna o personagem Nicholas, que, ao descobrir a morte iminente do pai por decorrência de um câncer, é delegado à função de guardião de suas duas meias-irmãs, Genevieve (Maeve Press) e Matilda (Kayla Cromer). Esta última, inclusive, autista, o que é bastante importante para o universo da série. Agora, o garoto de 25 anos terá de abandonar a sua vida na Austrália para viver nos Estados Unidos, enfrentando os desafios para cuidar de duas adolescentes enquanto nutre um relacionamento com Alex (Adam Faison). 

Sim, a proposta da série parece bem simples. Porém, o que faz dela tão especial é a forma delicada como roteiro delineia as situações e os personagens. Desta forma, o seu primeiro episódio coloca uma dimensão bem apropriada disso. Enquanto Matilda oferece um olhar cômico e complexo de uma adolescente com transtorno do espectro do autismo – interpretada por uma atriz que também é autista -, Genevieve é uma personalidade forte, autêntica e bastante combativa. Isso, certamente, poderá gerar bons conflitos com o irmão ao longo da série. 

O episódio piloto apresenta muito bem seus personagens, da mesma forma que lança reflexões e desafios para o futuro. No entanto, também deixou nítido onde reside o maior perigo que a série pode enfrentar: Nicholas. Apesar de multifacetado, o garoto parece representar uma cópia do que já foi criado por Josh Thomas em Please Like Me. Ansioso, inseguro, sem papas na língua e com uma sinceridade exacerbada, Josh e Nicholas são quase a mesma figura. Com mais nuances e muita maturidade ao definir seus destinos, porém, a série ainda tem muitas chances de repetir o deleite que foi sua predecessora. 

Portanto, não é pretensioso afirmar que, sim, Josh Thomas continua sendo um achado muito importante da dramédia contemporânea. Isso porque Everything’s Gonna Be Okay é bonita em tudo que se propõe a ser. Seu primeiro episódio é comovente, engraçado e, como a vida, tem suas tragédias, mas o que importa é sob qual ótica vamos enxergar os impasses que se apresentam. 

Sobre o autor
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Lucas Wilker

Estudante de Jornalismo e grande admirador do Ryan Murphy e suas fábulas. Apaixonado pelo universo audiovisual desde que os X-Men o convidaram para adentrar em suas aventuras. Chora facinho com This Is Us e é extremamente afeiçoado aos personagens das séries, dos filmes e dos livros que consome. Eterno aprendiz da escrita.

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