Crítica: Fleabag, comédia indicada ao Emmy do Amazon, é uma das melhores séries da TV

Conheça Fleabag, série do Amazon Prime Video, que ganhou diversas indicações ao Emmy 2019.

Fleabag é a série que você precisa assistir

Se esse texto fosse um episódio de Fleabag, nós olharíamos diretamente para a câmera e diria: você acha mesmo que escolheríamos outra série para o título de uma das melhores?

Ok, agora falando sério. Claro que consideramos muitas outras, e até achamos que elas merecem, mas algo sempre nos conduz a eleger Fleabag uma das melhores atrações da TV atualmente. É quase na mesma proporção que Fleabag, a personagem criada e interpretada pela magnífica Phoebe Waller-Bridge, continua voltando ao Padre bonitão durante essa perfeita segunda temporada desta fantástica série. Portanto, vamos aos fatos: essa não pode ser negligenciada.

Talvez você conheça Waller-Bridge por seu excelente trabalho em Killing Eve. Mas espera, ela não é a protagonista da atração. Sim, nossa amada estrela é simplesmente a criadora da série. Não por menos, ela está indicada em 2019 ao Emmy como produtora de ambas as suas séries de comédia e drama. Tal feito só aconteceu anteriormente quando David E. Kelly foi indicado por Ally McBeal e The Practice, 20 anos atrás. Naquela ocasião, Kelly ganhou por Ally McBeal e perdeu o prêmio de drama para Sopranos da HBO. E aqui vai uma curiosa semelhança.

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Os seis episódios que compõem a segunda temporada estrearam no Amazon Prime em 17 de maio, dois meses após sua exibição inicial na BBC. Porém, no mesmo final de semana que o final de Game of Thrones foi ao ar. Tudo bem que nós nem gostamos muito do final de GOT, mas certamente ela é uma favorita ao Emmy. Portanto, se Waller-Bridge perder seu prêmio de drama para uma série da HBO, assim como Kelly, certamente estamos torcendo para ela ser coroada no ramo da comédia. Assim como Kelly. Sem dúvidas, Fleabag merece.

Não é uma série qualquer

Fleabag apresenta uma trama simples, mas ao mesmo tempo profunda e complexa. Talvez, algo que só os britânicos saibam fazer tão bem. A série acompanha uma jovem adulta chamada apenas de Fleabag (Phoebe Waller-Bridge), lidando com problemas quase universais sob o ponto de vista feminino. Entre eles, estão problemas de relacionamento, frustração sexual e profissional. Além disso, claro, não poderia faltar os conflitos familiares. Fleabag, assim, aborda a perspectiva de uma mulher sob a ótica da modernidade vivendo em Londres. Ao mesmo tempo, ela está tentando curar uma ferida enquanto recusa ajuda daqueles à sua volta. Logo, ela acaba mantendo seu perfil intimidante o mais intacto possível.

Lendo essa sinopse, ela poderia se qualificar como uma série qualquer. Portanto, qual é o diferencial? Se tivéssemos de destacar uma coisa além de Andrew Scott, o Padra sexy, essa coisa seria o quão as histórias da série são amarradas. Cada temporada de Fleabag possui apenas seis episódios. Cada um, com 27 minutos ou menos. Desde o começo, a sensação é que estamos em um carro em movimento, e que mesmo em uma estrada ruim ele nunca deixa de funcionar. A prova disso, inclusive, é a distância que a primeira temporada tem para a segunda. São três anos que separam as produções, mas na história apenas se passou um ano.

O começo da segunda temporada, inclusive, é genial. Temos uma tomada extremamente eficiente que serve de recapitulação, destacando que estamos 371 dias, 19 horas e 26 minutos após os eventos do primeiro ano, com Fleabag em um banheiro, limpando um nariz ensanguentado por razões desconhecidas. “Isso”, Fleabag explica, quebrando a quarta parede, “é uma história de amor.” Nós ainda não sabemos por que seu rosto está assim, ou porque há outra mulher sangrando no banheiro com ela. Ou, além disso, quem está do lado de fora falando com ela. Droga, nossa atenção está tomada.

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Trama de Phoebe Waller-Bridge faz o público se sentir visto. Imagem: Amazon/Divulgação.

A peculiaridade de Fleabag

Fleabag pode ser considerada uma comédia mainstream, que o Vulture classificou como uma “força”. E realmente, ela tende a se desenvolver mais rápido que muitas comédias antigas. Por exemplo, na época em que o citado David E. Kelly ganhou por Ally McBeal, o jeito de fazer comédia era outro. Avançando um pouco, encontramos sitcoms que se movem rapidamente, para provarem que podem alcançar o ápice de suas tramas várias vezes. Talvez, Fleabag é uma mistura de todas essas influências, criando um jeito único de se fazer TV. A segunda temporada, que estreou recentemente, é realmente uma dança. Quem participa? Fleabag e sua irmã Claire, Fleabag e o público, Fleabag e o Padre.

Ah eh, estávamos esquecendo do Padre. Quer dizer, não dá para esquecer deste Padre. E o fascínio que desenvolvemos por ele pode ser justificado por uma única sentença: ele é sexy. Mas isso não faz jus a sua presença. A verdade, é que a química de Scott e Waller-Bridge é sem igual. Além disso, temos um detalhe interessante pois cada vez que eles vão se tornando íntimos, nós sentimos parte dessa intimidade. É como se criássemos um trisal platônico entre Fleabag, o Padre, e o público. Ao nos confidenciar seus pensamentos, tornamos parte deste relacionamento. É como se fossemos seu melhor amigo, aquela pessoa que ela pisca em um momento que só nós iríamos entender.

Isso faz de nós aquele outro elemento da trama, como se também pudéssemos ser vistos, de uma forma que nenhuma outra série que utiliza deste elemento já conseguiu. Desculpe, House of Cards. Assim, o que passaria batido como um dispositivo inteligente de narrativa, ganha uma profundidade ainda maior em Fleabag. Sem dúvidas essa é a maior coroação que a atuação de ambos pudera receber. Reconhecimento que vai além de qualquer vitória em um Emmy da vida.

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Essa sem dúvidas é um tipo de série que você não pode deixar de assistir. Aquela que você precisa ter no seu currículo de seriador. Se fossemos resumir essa indicação, diríamos que a vida nos ensina que não existe perfeição, e que não devemos esperar por ela. Logo, nenhum relacionamento é perfeito. Nenhum trabalho é perfeito. Nenhum filme ou série de TV é perfeito. Mas aí você assiste Fleabag. É então que a lição muda: de vez em quando, você pode conseguir isso. Você consegue ter a perfeição.

Todos os episódios de Fleabag estão disponíveis no Amazon Prime Video.

 

Sobre o autor

Anderson Narciso

Editor-chefe

Criador do Mix de Séries, atua hoje como redator e editor chefe do portal que está no ar desde 2014. Autor na internet desde 2011, passou pelos portais Tele Séries e Box de Séries, antes de criar o Mix. Formado em História pela UFJF e Mestre em História da Saúde pela Fiocruz/RJ, Anderson Narciso se aventurou no mundo da criação de conteúdo para Internet há 15 anos, onde passou a estudar sobre Google, SEO e outras técnicas de produção para web. É também certificado em Gestão Completa de Redes Sociais pela E-Dialog Comunicação Digital, além de estudar a prática de Growth Hack desde 2018, em que é certificado. Com o crescimento do site, e sua parceria com o portal UOL, passou a atuar na cobertura jornalística, realizando entrevistas nacionais e internacionais, cobertura de eventos para as redes sociais do Mix de Séries, entre outros. Atua como repórter no Rio de Janeiro e São Paulo, e pelo Mix já cobriu eventos como CCXP, Rock in Rio, além de ser convidados para coberturas e entrevistas presenciais nos Estúdios Globo, Netflix, Prime Vídeo, entre outros. No Mix de Séries, com experiência de dez anos, se especializou no nicho de séries e filmes. Hoje, como editor chefe, é o responsável por eleger as pautas diárias do portal, escolhendo os temas mais relevantes que ganham destaque tanto nas notícias quanto nas matérias especiais e críticas. Também atua como mediador entre a equipe, que está espalhada por todo o Brasil. Atuante no portal Mix de Séries diariamente, também atende trabalhos solicitados envolvendo crescimento de redes sociais, produção de textos para internet e web writing voltado para todos os nichos.